Esta comunicação tem como objetivo colocar a opinião pública ciente da grave situação enfrentada pelos estudantes da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), do campus de Guarulhos, com relação à infraestrutura necessária para o bom desempenho de seus trabalhos acadêmicos, do qual depende a qualidade dos futuros educadores, pesquisadores, escritores e de todos os profissionais em formação nessa faculdade de “Humanidades”.
O campus da UNIFESP de Guarulhos foi fundado em 2007 e há quatro anos sofre as consequências do descaso das autoridades competentes e dos entraves impostos pela burocracia institucional. Entraves estes que se configuram como um crime contra a educação pública e a liberdade de produção intelectual.
Desde a fundação várias mobilizações estudantis foram levadas a cabo com o intuito de que se conseguissem condições mínimas para a permanência e o desenvolvimento dos educandos em formação.
A última delas alcançou algumas conquistas essenciais, como a construção de um restaurante universitário, que foi disponibilizado em caráter provisório pela necessidade urgente, mas permanece a mais de um ano atendendo de forma precária. Outra vitória para o movimento foi a substituição da reitoria corrupta que utilizava a verba que deveria servir à educação para a satisfação de luxos pessoais à custa do dinheiro público.
Mas os nossos problemas e motivos de mobilização não pararam por aí.
Há um projeto de expansão do campus que vem sendo negociado desde as primeiras mobilizações dos estudantes e que continua categoricamente sendo deixado em segundo plano, apesar da chegada de mais estudantes a cada ano. Para que se pudessem acomodar tantos estudantes, a Universidade teve que ocupar o prédio do CEU Pimentas – Guarulhos, ao lado do campus, que deveria servir à comunidade local atendendo alunos de Educação Básica e servindo aos jovens da região como um espaço de lazer e cultura.
Não consideramos justo e cabível ocuparmos um espaço destinado às crianças da rede municipal, quando há um projeto que já deveria ter sido concluído, cujas verbas estão congeladas por motivos que nos escapam. Exemplo disso é que o projeto de expansão do nosso campus é anterior ao projeto do novo prédio da reitoria (que já foi construído) na Vila Mariana e está em pleno funcionamento. Perguntamos: quais os obstáculos existentes para a aprovação e efetivação do primeiro e que não impediram a feliz concretização do segundo?
Salientamos que a boa acomodação da reitoria é imprescindível para o bom funcionamento administrativo de uma instituição de educação superior. Porém, havemos de concordar que não ter um prédio para recepcionar novos alunos, organizar uma biblioteca digna dos pesquisadores ativos que pretendemos formar e não oportunizar condições de moradia, de transporte e de alimentação para a permanência desses educandos constitui-se em uma clara violação dos direitos constitucionais da sociedade que cada vez mais se conscientiza da importância da educação para uma nação verdadeiramente democrática e independente.
É importante salientar que o conhecimento necessita de movimento, de fácil acesso e o fato de termos livros empilhados e distantes de nossas mãos e de nossos olhos por falta de prateleiras e de um espaço adequado para sua acomodação nos faz pensar no crime contra a liberdade de produção intelectual e democratização desse conhecimento que está sendo perpetrado entre os muros dessa instituição.
É por isso que nesse momento nos dirigimos à sociedade brasileira para manifestar nossa indignação, preocupação e nossa disposição para continuar lutando para que nós, nossos filhos e netos tenham condições cada vez melhores de se desenvolverem moral e intelectualmente, apropriando-se do saber culturalmente produzido, única forma de construirmos um cidadão pleno.
Levando em conta tal situação, nós estudantes, do campus Guarulhos e do campus da Baixada Santista, que vivenciamos dificuldades similares, nos vimos obrigados a paralisar nossas atividades acadêmicas para nos unirmos buscando efetivação e concretização das promessas que nos são feitas há anos.
Estudantes do campus de Guarulhos da UNIFESP.
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